Surto de varíola do macaco

MonitoR7 Falso: vacinação contra a Covid-19 é responsável pelo surto atual de varíola do macaco

Falso: vacinação contra a Covid-19 é responsável pelo surto atual de varíola do macaco

Nas redes sociais, internautas relacionaram o uso de imunizantes anti-Covid com o surgimento do monkeypox; especialista explica que não há relação entre a imunização e o vírus

  • MonitoR7 | Yasmim Santos*, do R7 com AFP

Resumindo a Notícia
  • Vacina contra a Covid-19 não criou a varíola do macaco

  • Vírus monkeypox não surgiu de uma mutação da vacina anti-Covid

  • Internautas fazem falsas especulações sobre o coronavírus e a varíola do macaco

  • Pouca diferença entre o final da pandemia e o começo do surto de monkeypox não tem ligação

Vacina contra o coronavírus não tem ligação com o vírus monkeypox

Vacina contra o coronavírus não tem ligação com o vírus monkeypox

Agência Brasil/ Tânia Rêgo

Cerca de três meses após o Ministério da Saúde declarar o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional causada pela Covid-19, o Brasil confirmou o primeiro caso de varíola do macaco (monkeypox), em São Paulo.

Desde então, o número de pacientes diagnosticados com a doença não para de crescer. Este crescimento, mesmo sem relação direta com o coronavírus, começou a ser comentado nas redes sociais e motivou algumas especulações, como a de que o vírus monkeypox poder estar ligado às vacinas em aplicação contra a Covid-19. 

Vale ressaltar que, apesar de ser a primeira vez que a varíola do macaco chega ao Brasil, este não é o primeiro surto registrado da doença. O vírus monkeypox já era considerado endêmico em alguns países da África. 

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Nigéria, por exemplo, já registrou mais de 500 casos suspeitos e 200 confirmados da doença desde 2017. 

O vírus recebeu este nome porque foi encontrado pela primeira vez em macacos, em 1958. O primeiro caso de infecção humana ocorreu somente em 1970, na República Democrática do Congo.

O monkeypox não tem relação com as vacinas por um simples motivo, desde a sua descoberta, quando os primeiros casos humanos aconteceram, a cada década está aumentando o número de casos. Então, esse vírus é antigo", diz o infectologista do hospital Alemão Oswaldo Cruz, Stefan Cunha.

A novidade do surto atual é o grande número de infecções, que, segundo a OMS, já somam mais de 36 mil em 89 países, além das novas características dos sintomas. Esta situação é diferente da pandemia do coronavírus, que foi desencadeada por uma mutação totalmente nova.

“O coronavírus da Covid-19 é um coronavírus que o morcego abrigava, como ele abriga vários coronavírus, e ele sofreu uma mutação e teve a capacidade de atingir o homem e transmitir de homem para homem, então é um vírus novo”, explica Cunha. 

Vacinas contra a Covid não ‘criaram’ o monkeypox

Usuários supõem que as vacinas anti-Covid deu origem à varíola do macaco

Usuários supõem que as vacinas anti-Covid deu origem à varíola do macaco

Reprodução

A disseminação da Covid-19 exigiu a criação imediata de vacinas com diferentes tecnologias, entre elas a Pfizer, que utiliza o RNA mensageiro, e a CoronaVac, que tem como base o vírus inativado. 

A AstraZeneca, por sua vez, optou por construir a vacina com base no adenovírus e foi desenvolvida a partir da modificação do vírus que causa resfriado em chimpanzés – informação que está sendo erroneamente ligada ao monkeypox.

No entanto, a vacina da AstraZeneca não tem relação com os primatas que foram considerados os primeiros receptores da varíola do macaco, até porque os principais candidatos para reservatório do monkeypox são os roedores, como os esquilos, das florestas da África.

Ademais, o adenovírus foi modificado geneticamente para que não possa se reproduzir no corpo humano, sua função é apenas transportar instruções genéticas até as células do vacinado, para que ele possa produzir a própria resposta imunológica contra o coronavírus. 

Como as demais vacinas de vetor viral, utilizadas, por exemplo, nos surtos de Ebola na África Ocidental e na República Democrática do Congo, o adenovírus da AstraZeneca é incapaz de contaminar o organismo do vacinado.

Além disso, a qualidade e biossegurança dos atuais laboratórios foram avaliadas por órgãos reguladores, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a EMA (Agência Europeia de Medicamentos, na tradução do inglês), que verificaram não ser possível a contaminação por meio das vacinas aprovadas para uso. 

“Quando se faz uma vacina hoje em dia, temos a total segurança em termos de contaminação e de eliminação de qualquer componente que esteja contaminando [o imunizante]. Então, não tem absolutamente nada haver com a vacina da Covid o aparecimento do monkeypox”, diz Cunha.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Hysabella Conrado.

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